Destaques do Campeonato Brasileiro de 2012, casos como os de
Zé Roberto, Seedorf, Deco e Juninho Pernambucano - jogadores que mantêm um
desempenho de alto nível apesar de terem mais de 30 anos - podem se tornar cada
vez mais frequentes. Baseada em um mapeamento genético detalhado, a Ciência
está cada vez mais perto de criar atletas perfeitos e de ajudar a prolongar a
carreira de veteranos, evitando a queda de rendimento.
Para regular a performance física dos atletas, pesquisadores
do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas, em São Paulo, tentam
identificar quais genes têm impacto nos resultados dos jogadores.
- A intenção é entender quais são os genes que modulam as
funções fisiológicas no organismo, quais favorecem a resistência e quais
favorecem a força e a potência muscular. O resultado também serve para identificarmos
os genes que modulam a resposta do organismo ao treinamento físico, e isso pode
ser utilizado para na reabilitação e na prevenção de doenças cardiovasculares -
explica o fisiologista e especialista em genética Rodrigo Dias.
Trabalhando em parceria com os cientistas, membros da
Polícia Militar são submetidos a exames de sangue antes e depois de passar pelo
treinamento da corporação.
- A partir deste momento, nós conseguimos ter uma comparação
do que eles eram previamente e o que eles se tornaram após o treinamento físico
em termos de genética.
Com a identificação genética, seria possível diferenciar os
atletas com talento para praticar esportes que exigem velocidade dos que
nasceram para as modalidades em que a resistência é essencial, além de ajudar a
prevenir lesões.
- Eu acredito que a genética contribuiria para detectar a
propensão que o atleta tem de sofrer uma lesão. Nos já conhecemos algumas
alterações genéticas que fazem com que um atleta tenha uma recuperação muito
mais rápida do que outros - diz Rodrigo.
Com as informações genéticas dos jogadores, os clubes
poderiam personalizar ainda mais os treinamentos de seus atletas, valorizando
as características de cada um deles e chegando perto de criar o jogador
perfeito.
No entanto, a nova tecnologia também poderia ser usada de
maneira ilegal, como uma forma de doping. Uma vez identificados os genes
responsáveis pela velocidade, força e resistência, seria possível introduzi-los
em qualquer jogador para melhorar artificialmente os seus resultados.